PROBLEMAS COMUNS EM ÁREAS RURAIS: ARANEÍSMO (1)
Destacam-se do Brasil três
gêneros de maior relevância clínica: Phoneutria,
Loxosceles e Latrodectus. Os
acidentes por Loxosceles (aranha
marrom) são os mais frequentes, seguido por Phoneutria
e Latrodectus. Os acidentes causados
por Lycosa (aranha de Jardim ou “tarântula”) apesar de relativamente frequentes
não constituem problema de saúde pública. Os acidentes causados pela Aranha
Caranguejeira são destituídos de importância médica, sendo conhecida a
irritação ocasionada na pele e mucosas causados por contato com pelos
urticantes.
LOXOSCELES
Loxosceles
Encontrado
em todo o país, principalmente na região sul. São aranhas pequena, não agressivas, de
hábitos noturnos e que picam somente quando comprimidas contra o corpo. O
acidente atinge mais comumente adultos, com discreto predomínio em mulheres,
ocorrendo no intradomicílio.
Quadro
clínico
Forma
cutânea (99%)
Sintomatologia
local se instala de forma lenta e progressiva com dor, edema, endurado e
eritema, acentuando-se nas primeiras 24-72 horas do evento.
Pode
acompanhar o quadro local alterações do estado geral, como astenia, cefaleia,
mialgia, rash, febre nas primeiras 24 horas, diarreia, visão turva, até
obnubilação e coma. As lesões podem variar desde:
Lesão
incaracterística: bolha de conteúdo
seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor em queimação.
Lesão
sugestiva: enduração, bolha, equimoses e dor em queimação.
Lesão
característica: dor em queimação, lesões hemorrágicas focais, mescladas com
áreas pálidas de isquemia (placa marmórea) e necrose.
Lesão do Loxosceles:
Placa Marmórea
Forma
cutâneo-visceral ou hemolítica (1%)
Hemólise
intravascular, cursando com anemia, icterícia e hemoglobinúria, podendo evoluir
para CIVD.
O
acidente loxocélico pode ser classificado em:
Leve: observa-se lesão incaracterística sem alterações
clínicas ou laboratoriais e com a identificação da aranha causadora do
acidente.
Moderado: o critério fundamental baseia-se na
presença de lesão sugestiva ou característica, mesmo sem a identificação do
agente causal, podendo ou não haver alterações sistêmicas do tipo rash cutâneo, cefaleia e mal-estar.
Grave: caracteriza-se pela presença de
lesão característica e alterações clínico-laboratoriais de hemólise
intravascular.
Tratamento
Para
as manifestações locais: Analgésicos,
aplicação de compressas frias, antisséptico local e limpeza periódica da
ferida são fundamentais para que haja uma rápida cicatrização, antibiótico
sistêmico se necessário (visando à cobertura para patógenos de pele).
Tratamento cirúrgico pode ser necessário no manejo das
úlceras e correção de cicatrizes
A
eficácia da soroterapia (SALox – Soro
Antiloxoscélico) diminui após 24-36 horas do acidente, logo deve ser
administrado o mais rápido possível para os casos moderados (5 ampolas) e
graves (10ampolas). O soro antiaracnídeo
(SAA) é uma opção.
A
prednisona pode ser usada na dose de 40-60mg/d para adultos ou 1 mg/kg/dia para
crianças, durante 5 a 10 dias, nas formas moderadas e graves.
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história de vacinação prévia contra o Tétano
AUTORES:
Ddo Elias Soldatelli Oliboni
Ddo Henrique Pavan
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), 2001. Manual
de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. Brasília:
FUNASA, Ministério da Saúde.
ISBISTER, G. K.; FAN, H. W. Spider bite. Lancet, v.
378, p. 2039-2047, 2011.
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