Alemães do sul
“Você sabe falar alemão?". Foi a primeira pergunta que me foi feita na pousada quando me identifiquei como o estagiário de Recife.
Na recepção os pacientes conversam em alemão, na consulta preciso falar pausadamente e repetidamente, para ser entendido, os mais velhos trazem os filhos como intérpretes, mas até estes falam com sotaque, tropeçando algumasvezes na concordância.
Este estágio optativo na comunidade de Pinhal Alto, tinha por objetivo adquirir conhecimentos e habilidades sobre medicina rural, mas ele tem se pareceu muito mais com uma experiência antropológica. A habilidade mais desenvolvida durante esses dias foi a competência cultural.
Mas não só de encontros (não choques) de culturas foi feito este estágio. Vivenciar a rotina de uma unidade de saúde rural me fez questionar muito dos meus primeiros 18 meses de residência na metrópole pernambucana. Outro ponto forte do estágio é a longitudinalidade: Leonardo foi o primeiro medico de família que conheci que tenha passado treze (13!) anos numa mesma comunidade, o que confere uma relação ímpar entre ele e seus pacientes.
Por fim, também vivi especificidades da medicina rural, muitas vezes negligenciadas no ambiente urbano. “Você perguntou sobre uso de agrotóxicos?”, era meu deslize em quase todas as consultas. Também tivemos suspeita de Lyme, acidente com motosserra, fraturas sendo resolvidas na atenção primária...
Enfim, àqueles que interessar um estágio em medicina rural, Nova Petrópolis é um bom lugar para um aprendizado cientifico e cultural.
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